Desde sempre, a presença da música (e de tudo que a envolve) é muito marcante na minha vida.
Como adolescente reprimida pela família que fui, tive a música como principal companhia e como bálsamo para todas as inquietações inerentes à faixa etária. Quantas e quantas vezes não ficava no meu quarto, acompanhada de um diário e do meu rádio. Aliás, de "um rádio" só, não. De todos os artistas que ali tocavam e que acabaram por fazer parte daquele meu universo, que era tão meu.
Sendo assim, a relação de amor (ah, o amor!) que eu cultivei pelos cantores e bandas foi algo expressivo. Tão expressivo trouxe comigo para a vida adulta e respeito muito quem tem um sentimento similar ao meu , mesmo que eu não concorde com o gosto musical do outro.
Dia desses, uma colega estava comentando sobre a paixão de sua filha de 13 anos por uma dessas boy's band que estaria fazendo shows pelo Brasil. Imediatamente me identifiquei com essa adolescente, e sugeri à mãe que a levasse à esse show, ressaltando o quanto seria importante pra ela, etc. De início, a mãe estava resistente, deixando as preocupações de mãe falarem mais alto. Contudo, dias depois, ela veio me mostrar um vídeo caseiro onde ela contava para a filha que havia comprado os ingressos e que elas iriam juntas ao show.
Aquilo me emocionou de uma forma tão espetacular, que a menina chorava no filme e eu chorava enquanto assistia. Fiquei pensando em como essa cumplicidade entre elas as aproximou e como foi bonito o respeito com que a mãe tratou (e compreendeu) o amor que estava envolvido ali.
Existem situações na vida da gente que são mais importantes do que qualquer coisa material, pois levaremos dentro do nosso coração para sempre. E sempre que lembrarmos disso teremos as mais doces recordações. Comigo a coisa foi um pouco diferente, só depois que me tornei uma adulta é que tive oportunidades como a dessa menina, mas garanto que o sentimento não se modificou e a intensidade da situação foi imensa.
Agora sim, posso dizer que tenho doces lembranças de dias inesquecíveis.
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